Compra e venda de dólar é uma transação que muda de preço a cada momento. A variação do câmbio e o uso que será dado à moeda faz o preço de cada dólar em real variar, confundindo muitos compradores.
*Para as respostas, foram consideradas informações oficiais do Banco Central, além das explicações do professor e economista Judas Tadeu Grassi Mendes, da EBS Business School.
1.
O
que é Câmbio ou cotação do dólar?
É
o preço da moeda como mercadoria, ou seja, a cotação aponta quantos reais são
necessários para comprar um dólar.
2.
O
que é “câmbio comercial” ou “dólar comercial”?
É o preço da moeda usado pelas empresas e bancos para as
outras transações realizadas no mercado de câmbio, como exportação, importação,
transferências financeiras etc.
3.
O
que é “câmbio turismo” ou “dólar turismo”?
É o preço da moeda comprada para viagens internacionais,
geralmente em espécie. É esse câmbio também que os consumidores pagam quando
compram algo no exterior, ou mesmo quando importam produtos de outros países.
4.
Por
que o preço é diferente para o turista?
O preço pago pelo dólar leva em consideração os custos
administrativos e financeiros. Segundo o BC, a taxa de câmbio pode variar de
acordo com a natureza da operação, da forma de entrega da moeda estrangeira e
de outros componentes tais como valor da operação, cliente, prazo de liquidação
etc. Como os consumidores compram volumes menores que as empresas e outros
bancos, esses custos tendem a ser maiores.
5.
Por
que o turista paga mais caro que importadores e exportadores?
“O dólar de turismo é um pouco mais caro porque é dinheiro na
mão, na hora. Tem uma liquidez maior. O comercial não é bem assim, você leva
meses para pagar aquela fatura”, explica Mendes.
6.
Por
que preço é diferente na compra e na venda?
Mendes explica que a diferença entre o preço em real do dólar
quando ele é vendido e quando ele é comprado é a taxa de lucro das casas de
câmbio e outras instituições que comercializam a moeda. “Você tem quem comprar
mais barato e vender mais caro para ganhar na diferença. A casa de câmbio vende
assim para ganhar na diferença”, explica.
7.
Se
eu vou comprar dólares, vou pagar o preço da compra, certo?
Errado. Os termos “compra” e “venda” se referem a bancos e casas
de câmbio. Se você vai comprar dólares para viajar, por exemplo, terá que pagar
o preço de venda. Se quiser vender o que sobrou na volta ao Brasil, a
instituição irá lhe pagar o preço de compra – que é sempre menor.
8.
Por
que o preço do dólar muda com tanta frequência?
Vários fatores podem determinar a valorização ou queda da
moeda norte-americana em relação ao real. O professor Mendes, no entanto,
aponta que a principal razão da variação é a relação entre oferta e demanda. “O
dólar, seja de turismo ou comercial, é uma mercadoria como qualquer outra”. Ou
seja, se tem muita gente comprando e pouco dólar à venda, ele fica mais caro.
Se há muito dólar e poucos interessados, fica mais barato.
9.
Para
que serve então o valor “oficial” do dólar?
As taxas de câmbio divulgadas normalmente são médias apuradas
para simples referência, explica o BC.
10.
O
que faz a oferta do dólar aumentar e o preço cair?
As exportações, ou seja, produtos vendidos pelo Brasil e
pagos em dólar pelos estrangeiros, e gastos de turistas de fora em cidades
brasileiras são fatores que aumentam a oferta da moeda no país, explica Mendes.
Com mais dólares em circulação, o preço da moeda em real tende a cair. A taxa
de juros também tem influência: quando a taxa brasileira sobe, a tendência é
que os investidores coloquem mais dólares no Brasil, porque o dinheiro vai
"render" mais.
11.
O
que faz a oferta do dólar diminuir e o preço aumentar?
Mendes explica que, quando há déficit da balança comercial,
ou seja, quando o Brasil compra mais produtos de fora do que vende, há mais
saída de dólares do país do que entrada – já que, mesmo a moeda brasileira
sendo o real, os produtos importados são pagos em dólar, assim como os
exportados. A moeda predominante é sempre a norte-americana. Gastos de turistas
brasileiros em outros países também representam saída de dólares do Brasil. Se
os juros nos Estados Unidos sobem, a tendência também é que saiam dólares do
Brasil, já que a taxa lá fora passa a render mais para os investidores.
12.
O
governo interfere no câmbio?
Sim. O Banco Central oferece desde 2013 um programa de
leilões diários de “swaps cambiais”. Funciona assim: o BC oferece um contrato
de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda
norte-americana. No vencimento deles, o BC se compromete a pagar uma taxa de
juros sobre valor dos contratos e recebe de quem comprou a variação do dólar no
mesmo período. Algumas vezes o BC interfere ainda mais diretamente, fazendo
leilões de compra ou de venda da moeda à vista.
13.
O
que os leilões do BC mudam no preço do dólar?
Os leilões são uma forma de a instituição garantir a oferta
da moeda norte-americana no mercado e acalmar a procura por dólares – quando o
BC garante que não vai faltar dólar, a procura tende a diminuir, e preço, a
cair. Mendes afirma que o programa de “swaps cambiais” manteve o dólar mais
barato nos últimos anos. “Em 1994, quando veio o Plano Real, o dólar estava 1 a
1 com o real (ou seja, cada dólar custava R$ 1). Hoje, o valor deveria ser a
inflação brasileira menos a americana. Quem fizer esse cálculo vai concluir que
o dólar deveria estar a R$ 2,85, R$ 2,90. Não chegou ainda, mas tende a
encontrar um equilíbrio a longo e médio prazo.”
14.
Quantos
mercados de câmbio existem no Brasil?
Apenas um. No entanto, as expressões "câmbio comercial",
ou "dólar comercial", e "câmbio turismo", ou "dólar
turismo", são comuns para diferenciar as diferentes taxas em cada
transação.
15.
O
que é o “dólar paralelo”?
Existe o mercado paralelo de compra e venda de dólares, que é
ilegal. Segundo o BC, esse mercado trabalha à margem da legislação e
regulamentação vigentes, sujeitando seus participantes às sanções cabíveis.
Fonte: G1 Economia
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